sexta-feira, 28 de junho de 2013

VII ENCONTRO DA PASTORAL DA JUVENTUDE ESTUDANTIL SANTA PAULINA (PJESP)


Nos preparando para o Encontro e Missão...

 

Teremos em breve esse importante Encontro da Juventude no Colégio São José (30, 31 de Agosto e 01 de Setembro). Nestes dias receberemos um número significativo de representantes de todas as Unidades Escolares da Rede Santa Paulina.

 

O tema deste Encontro é: Juventude e suas realidades


E o lema: Uma atitude jovem para um mundo melhor

 

Dentro desse contexto, nos preparamos também para acolher e seguir o Mestre Jesus de Nazaré, que enviou seus discípulos e discípulas dois a dois para evangelizar. Assumimos este mandato com o compromisso de anunciar a paz que vem dele, o Cristo crucificado e ressuscitado!


 

Santa Paulina caminhará conosco, seguindo nossos passos e nos mostrando como melhor podemos testemunhar com o amor e a alegria do serviço aos irmãos e irmãs!

 

Para que saibamos dialogar: os enviou dois a dois...

por frei Carlos Mesters




Para que saibamos dialogar: os enviou dois a dois...

O texto de Lucas nos convida a sair em missão. A colheita é grande e há pouca gente disposta! Assumamos a tarefa! Para a autopromoção, para que sejamos individualmente valorizados? Com certeza não. O convite é para que sigamos dois a dois, duas a duas. Duas pessoas juntas já são a célula de uma comunidade, o princípio do diálogo.
As comunidades paulinas aprenderam bem a lição: Barnabé e Paulo saem juntos em missão (At 13, 1-3), mais gente se junta a eles, fazem trabalho de equipe (Rm 16, 21-23). Quando o missionário ou o líder não escuta sua comunidade, não entendeu ainda o que é "seguir dois a dois". Não foi capaz de compreender o modelo eclesiológico concebido por Jesus. Quem trabalha sozinho, não tem sequer com quem planejar, avaliar e celebrar.

Setenta ou setenta e dois? Discípulos samaritanos!

Algumas edições da Bíblia falam do envio de 70 discípulos. Outras falam de 72. Depende do manuscrito que é seguido. Muito possivelmente, o número evoca todas as nações, citadas no capítulo 10 do livro do Gênesis. A Bíblia Hebraica menciona 70 povos. Ao ser traduzido para o grego, o texto foi modificado para 72. A missão é estendida a todos os povos.
Dado interessante, entretanto, é de onde o grupo parte. Em Lucas 9,51-52, Jesus tinha começado sua longa viagem rumo a Jerusalém. Sai da Galileia e entra na Samaria. É em território samaritano que Jesus associa mais 72 discípulos e discípulas para irem à sua frente, onde ele mesmo deveria ir depois (Lc 10, 1). Lucas sugere, assim, que estes novos 72 discípulos e discípulas já não são judeus da Galileia, mas samaritanos. Sugere ainda que o lugar onde Jesus anuncia a Boa Nova já não é a Galileia, mas a Samaria, território dos excluídos.

Shalom para esta casa!

Espírito de simplicidade, desprendimento e confiança na providência divina: "não leveis bolsa, nem alforge, nem sandálias!" (Lucas 10, 3). Mas sem ingenuidade: os discípulos e discípulas são enviados "como cordeiros entre lobos". A missão não é fácil, por isso se espera uma entrega total. A expressão "a ninguém saudeis pelo caminho", possivelmente tem a ver com a cultura do Oriente. A saudação não se limita a um "oi", a um simples "bom dia". Envolve convivência, convite para o alimento e para o pernoite (2Reis 4, 29; Lucas 24, 29). Pode ser que o texto esteja querendo falar também da urgência de se chegar aos destinatários da missão.
Entretanto, quando se entra numa casa é para que o Shalom, a paz verdadeira, possa habitá-la! Se para o judaísmo o termo já dizia muita coisa, para a comunidade de Jesus, diz mais ainda: para a casa que recebe, o anúncio do Shalom é a Boa Notícia de que o Reino chegou. Cabe a cada pessoa e comunidade, entretanto, a escolha de aderir ou não ao Shalom.



Avaliação, oração, partilha, análise da realidade

Da mesma maneira como tinha feito com os Doze (Lc 9, 10), Jesus reúne os 72 discípulos e discípulas e faz um encontro com eles para rever a missão. Os discípulos voltam e começam a contar o que fizeram. Com muita alegria informam que, usando o nome de Jesus, conseguiram expulsar até demônios! Jesus os ajuda no discernimento. Se eles conseguiram expulsar demônios, foi porque ele, Jesus, lhes tinha dado este poder. Estando com Jesus, nada de mal lhes pode acontecer. E Jesus acrescenta que o mais importante não é expulsar demônios, mas sim ter o nome inscrito no céu. Ter o nome inscrito no céu é ter a certeza de ser conhecido e amado pelo Pai. Pouco antes, Tiago e João tinham pedido que um fogo caísse do céu para matar os samaritanos (Lc 9, 54). Agora, pelo anúncio da Boa Nova, é o Satanás que cai do céu (Lc 10, 18) e os nomes dos discípulos samaritanos entram no céu! Naquele tempo, muita gente achava que samaritano era coisa do demônio, coisa de Satanás (Jo 8, 48).
Este texto de Lucas 10, 17-24 nos dá uma ideia de como os discípulos e as discípulas viviam em comunidade com Jesus. Eles faziam aquilo que nós fazemos até hoje: reunião, avaliação, oração, partilha, análise da realidade, ajuda mútua. A pequena comunidade que se formou ao redor de Jesus foi o primeiro "Ensaio do Reino". Ela tornou-se o modelo para todos nós que viemos depois. A comunidade é como o rosto de Deus, transformado em Boa Nova para o povo, sobretudo para os pobres. Será que a nossa comunidade é assim?


terça-feira, 11 de junho de 2013

Metanoia, Mudança, Conversão = "voltar para Jesus"

Na atitude de escuta e acolhida da palavra revelada, Jesus continua o seu Caminho e nos ensina, convidando-nos a segui-lo. Muitos são os chamados, mas poucos são os escolhidos, pois não conseguem entender a proposta, ou não aceitam... Algumas pessoas, porém, vão além e reconhecem-no como o Messias, no partir do pão, ou simplesmente, no jeito próprio que ele conduz sua Missão (em suas palavras, gestos, atitudes), é o caso que lemos à seguir. Após percorrer muitos povoados e retirar-se, Jesus recolhe-se numa casa de família, em Betânia, e a história transcorre.



A moça do perfume

(Lucas 7,36-8,3)


Autores: Carlos Mesters e Mercedes Lopes.

O texto desta citação supracitada deixa transparecer um aspecto do Novo que Jesus trouxe. Na sociedade e na religião do tempo de Jesus, as mulheres eram excluídas e discriminadas. Ao redor de Jesus, porém, homens e mulheres se reuniam em igualdade de condições. Durante a leitura do texto somos convidados a prestar atenção na seguinte questão: Qual atitude de Jesus para com as mulheres que aparecem no texto?

SITUANDO
No capítulo 7 do Evangelho de Lucas, Jesus continua abrindo o caminho, revelando o Novo. A transformação vai acontecendo. Jesus acolhe o pedido de um estrangeiro não judeu (Lucas 7,1-10) e ressuscita o filho de uma viúva (Lucas 7,11-17). A maneira de Jesus conceber o Reino surpreende cada vez mais aos irmãos judeus que não estavam acostumados com a abertura de Jesus. Até João Batista fica meio perdido e manda perguntar: "É o senhor ou devemos esperar por outro?" (Lucas 7,18-30). Jesus chega a denunciar a incoerência dos seus patrícios: "Vocês parecem crianças que não sabem o que querem!" (Lucas 7,31-35). E agora, aqui no nosso texto, outro aspecto do Novo começa a aparecer. É a atitude de Jesus para com as mulheres.
Na época do Novo Testamento, a mulher vivia marginalizada. Na sinagoga ela não participava, na vida pública não podia ser testemunha. Muitas mulheres, porém, resistiam contra a exclusão. Desde os tempos de Esdras, a resistência da mulher vinha crescendo, como transparece nas histórias de Judite, Ester, Rute, Noemi, Suzana, da Sulamita e de tantas outras. Esta resistência encontrou eco e acolhida em Jesus. No episódio da moça do perfume transparecem o inconformismo e a resistência das mulheres no dia-a-dia e o acolhimento que Jesus lhes dava.

COMENTANDO

1. Lucas 7,36-38: A situação que provocou o debate
Três pessoas totalmente diferentes se encontram: Jesus, o fariseu e a moça! Um fariseu era um judeu observante. Da moça se diz que era pecadora. Jesus está na casa de Simão, o fariseu que o convidou para o jantar. A moça entra, coloca-se aos pés de Jesus, começa a chorar, molha os pés de Jesus com as lágrimas, solta os cabelos para enxugá-los, beija e unge os pés com perfume. Soltar os cabelos em público era um gesto de independência. Jesus não se retrai nem afasta a moça, mas acolhe o gesto dela.

2. Lucas 7,39-40: A reação do fariseu e a resposta de Jesus
Jesus estava acolhendo uma pessoa que, conforme os judeus observantes, não podia ser acolhida. O fariseu, observando tudo,  critica Jesus e condena a mulher: "Se este homem fosse um profeta, saberia que tipo de mulher é esta que o toca, pois é uma pecadora". Jesus usa uma parábola para responder à provocação do fariseu. A parábola ajuda a perceber o invisível de Deus a partir da experiência que a pessoa tem da vida.


3. Lucas 7,41-43: A parábola dos dois devedores
Um devia 500 reais, o outro, 50. Nenhum dos dois tinha como pagar. Ambos foram perdoados. Qual dos dois terá mais amor? Resposta do fariseu: "Amará mais aquele a quem mais se perdoa!" A parábola supõe que os dois, tanto o fariseu como a moça, tinham recebido algum favor de Jesus. Na atitude que os dois tomam diante de Jesus, mostram como apreciam o favor recebido. O fariseu mostra o seu amor, a sua gratidão, convidando Jesus para o jantar. A moça mostra o seu amor, a sua gratidão, através das lágrimas, dos beijos e do perfume.

4. Lucas 7,44-47: O recado de Jesus para o fariseu
Depois de receber a resposta do fariseu, Jesus aplica a parábola. Mesmo estando na casa do fariseu, a convite do mesmo, ele não perde a liberdade de falar e de agir. Defende a moça contra a crítica do judeu praticante. O recado de Jesus para os fariseu de todos os tempos é este: "Aquele a quem pouco foi perdoado, mostra pouco amor!" O fariseu achava que não tinha pecado, porque observava em tudo a lei. A segurança pessoal que eu, fariseu, crio para mim pela observância das leis de Deus e da Igreja, muitas vezes me impede de experimentar a gratuidade do amor de Deus. O que importa não é a observância da lei em si, mas sim o amor com que observou a lei. E usando os símbolos do amor da moça, Jesus dá o troco ao fariseu que se considerava em paz com Deus: "Você não me deu água para lavar os pés, não me deu o beijo de acolhida, não me deu água de cheiro! Simão, apesar de todo o banquete que me ofereceu, você tem pouco amor!"


5. Lucas 7,48-50: Palavra de Jesus para a moça
Jesus declara a moça perdoada e acrescenta: "Tua fé te salvou! Vai em paz!"  Aqui transparece a novidade da atitude de Jesus. Ele não condena, mas acolhe. E foi a fé que ajudou a moça a se recompor e a se reencontrar consigo mesma e com Deus. No relacionamento com Jesus, uma força nova despertou dentro dela e a fez renascer.


6. Lucas 8,1: Os doze que seguem Jesus
Numa única frase Jesus descreve a situação: Jesus anda por toda parte, pelos povoados e cidades da Galileia, anunciando a Boa Nova do Reino de Deus e os doze estão com ele. A expressão "seguir Jesus" (Marcos 15,41) indica a condição do discípulo que segue o Mestre, 24 horas por dia, procurando imitar o seu exemplo e participando do seu destino.

7. Lucas 8,2-3: As mulheres seguem Jesus
O surpreendente na atitude de Jesus é que, ao lado dos homens, há também mulheres "junto com Jesus". Lucas coloca os discípulos e as discípulas em pé de igualdade, pois ambos seguem Jesus. Ele também conservou os nomes de algumas destas discípulas:
- MARIA MADALENA, nascida na cidade de Magdala. Ela tinha sido curada de sete demônios;
- JOANA, mulher de Cuza, procurador de Herodes Antipas, que era governador da Galileia;
- SUZANA e várias outras. Delas se afirma que "seguem Jesus" (cf. Marcos 15,41) e que o "servem com seus bens".

ALARGANDO A COMPREENSÃO
O Evangelho de Lucas sempre foi considerado o Evangelho das mulheres. De fato, Lucas é o que traz o maior número de episódios em que se destaca o relacionamento de Jesus com as mulheres. Mas a novidade, a Boa Nova de Deus para as mulheres, não está só na abundante citação da presença delas ao redor de Jesus, mas sobretudo na atitude de Jesus em relação a elas. Jesus as toca e deixa-se tocar por elas sem medo de se contaminar. À diferença dos mestres da época, ele aceita mulheres como seguidoras e discípulas. A força libertadora de Deus, atuante em Jesus, faz a mulher se levantar e assumir sua dignidade. Jesus é sensível ao sofrimento da viúva e se solidariza com a sua dor. O trabalho da mulher preparando o alimento é visto por Jesus como sinal do Reino. A viúva persistente que luta por seus direitos é colocada como modelo de entrega e doação. Numa época em que o testemunho das mulheres não era aceito como válido, Jesus escolhe as mulheres como testemunhas da sua morte, sepultamento e ressurreição.

Nos evangelhos, conservam-se várias listas com os nomes dos 12 discípulos que seguiam Jesus. Havia também mulheres que seguiam Jesus, desde a Galileia até Jerusalém. O Evangelho de Marcos define a atitude delas com três palavras: seguir, servir, subir até Jerusalém. Os primeiros cristãos não chegaram a elaborar uma lista destas discípulas que seguiam Jesus como o fizeram com os homens. Mas os nomes de sete destas mulheres estão espalhados pelas páginas dos evangelhos:
1. Maria Madalena (Lucas 8,3);
2. Joana, mulher de Cuza (Lucas 8,3);
3. Suzana (Lucas 8,3);
4. Salomé (Marcos 15,40);
5. Maria, mãe de Tiago (Marcos 15,40);
6. Maria, mulher de Clopas (João 19,25);
7. Maria, a mãe de Jesus (João 19,25).




quinta-feira, 6 de junho de 2013

Experiência com Deus = o Deserto é também Caminho



“O levarei ao Deserto e lhe falarei ao coração”.
(Oséias 2,16)

A única maneira de vivificar as coisas de Deus é vivificando o coração. Quando o coração se povoa de Deus, os fatos da vida se enchem do encanto de Deus, e o coração se vivifica no deserto, porque é este um tempo forte dedicado a Deus, em silêncio, solidão e penitência.



— Salve os “tempos fortes” e eles te salvará!

Esta afirmação tem sentido para:

* Recobrar o “equilíbrio emocional”, a unidade interior, a serenidade e a paz.


* Ter uma experiência do absoluto de Deus. No deserto estamos presentes, sozinhos diante de Deus. Experimentamos o amor gratuito de Deus. O Pai me ama sem um porque, sem um para que; sai ao meu encontro e me guia quando passo por trevas e noites escuras da fé: eu só tenho que “deixar-me encontrar e amar por Ele”.



* Reencontrar com a autenticidade e a verdade tanto a respeito de nós mesmos, como da sociedade. Sozinhos diante de Deus, não ficam enganos nem máscaras. A ambigüidade de nossas motivações e de nossas “generosidades” saem flutuando e nos vemos tal como somos, ou melhor, tal como Deus nos vê.

- Aprender a perdoar e calar diante do irmão. O deserto nos ensina a amar verdadeiramente.


A história da humanidade espera, com paciência, o triunfo do homem menosprezado.