segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Mês da Bíblia: no caminho da Pastoral



Compilação de textos, imagens e reflexões partilhadas pela Rede, com auxílio nas reflexões de Dom Orlando Brandes (arcebispo de Londrina-PR).


Vivemos um momento todo especial para nossa vida cristã, de filhos e filhas de Deus, que é o mês da Palavra de Deus revelada nas Sagradas Escrituras.
Bíblia é um termo que simboliza uma compilação de vários textos chamados de canônicos (oficiais) pela nossa santa mãe Igreja. Por isso, somos convidados/as na animação pastoral em nossa vida pessoal, familiar, escolar e em sociedade.


ANIMAÇÃO BÍBLICA NA VIDA DA IGREJA
A CNBB lançou o Documento 97 cujo título é: “Discípulos e Servidores da Palavra de Deus na missão da Igreja”. Estamos diante de uma proposta bíblica corajosa que chamamos de “Animação Bíblica de toda a vida da Igreja e da Pastoral”. Passamos da “pastoral bíblica” para uma animação bíblica de toda a Igreja. O que se pretende é colocar a Palavra no centro, respeitar sua primazia como alma do nosso ser e agir cristão.

A Palavra deve ser a inspiração, a seiva, o caminho, o alimento da vida sacramental e pastoral, para evitarmos a sacramentalização e o devocionalismo. Para isso precisamos de três experiências com a Palavra, ou seja, formação bíblica, oração bíblica e anúncio da Palavra. É bom recordar a mensagem conclusiva do Sínodo da Palavra (2008) onde se diz que a Palavra tem uma “voz”, isto é, a revelação divina, tem um “rosto” que é Jesus Cristo; tem uma “casa” que é a Igreja e tem um caminho que é a missão.

Grande ênfase é dada à “leitura orante da Bíblia” (Lectio Divina) através da qual acontece um encontro pessoal com Deus, um relacionamento por Jesus Cristo, seu Evangelho e seu reino. Outra oportunidade privilegiada de encontro com a Palavra de Deus é a homilia por ocasião das celebrações litúrgicas. Maior atenção deve ser dada à celebração da Palavra onde não há sacerdotes para celebrar a missa.
Para acontecer a animação bíblica de toda a vida da Igreja, o Documento faz algumas propostas novas, a saber: tornar a Bíblia o livro principal da catequese, realizar um ano bíblico, promover congressos bíblicos, criar comissões bíblicas em todos os setores da Igreja, oferecer subsídios bíblicos, rezar a Liturgias das Horas ou ao menos os salmos com o povo.

A animação bíblica de toda a vida da Igreja deve facilitar o acesso à Bíblia nas famílias, preparar os leitores (ministros da Palavra) realizar retiros bíblicos e ter escola bíblica nas paróquias, fomentar o profetismo e o ecumenismo. Semanas bíblicas, maratonas, dia da Palavra, simpósios, seminários bíblicos e outras criatividades especialmente na internet são bem vindas, como também educar para o silêncio, a escuta e o amor à Palavra.
A dimensão bíblico-social é fundamental para o profetismo, a promoção dos direitos da pessoa, a reconciliação, a paz, a política. Especial atenção deve ser dada aos pobres, migrantes, doentes, defesa do meio ambiente. Os jovens, os encarcerados sejam atraídos a conhecer e viver a Palavra.

Os meios mais comuns para a animação bíblica são os círculos bíblicos, os grupos de reflexão, as CEB’s, os meios de comunicação social, as missões populares. É preciso dar uma dimensão bíblica a todos os eventos celebrativos como: novenas, procissões, romarias, reza do rosário, via-sacra, religiosidade popular, acólitos, infância missionária, movimentos eclesiais. Sem a Palavra a iniciação à vida cristã não acontece. Nos seminários sejam oferecidos, além dos estudos bíblicos, as leituras orantes da Palavra, para que nossos vocacionados adquiram um coração bíblico. Antes de ser mestra do anúncio, a Igreja deve ser “mestra da escuta” da Palavra de Deus.

Percebemos que a CNBB quer alavancar o amor à Palavra de Deus e dar-lhe a primazia que merece. Hoje é ainda muito atual a pergunta: “Que fizeste com minha Palavra” (Bernanos). Em nossos tempos falamos de iniciação cristã, nova evangelização, missão permanente, necessidade do profetismo e do ecumenismo. Para tudo isso acontecer há uma condição: o amor, o conhecimento e a vivência da Palavra de Deus.