quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Os desafios atuais da Escola Católica para a Contemporaneidade



Assessoria de Pe. João Batista Libanio
(Anotações de Reinaldo João de Oliveira)




O título está invertido, por isso uma pergunta: - a escola desafia a contemporaneidade, ou a contemporaneidade desafia a escola?
Tanto nós construímos a sociedade, quanto a sociedade nos constrói.
A contemporaneidade (a cultura), transforma a sociedade...
Se somente nós transformamos a sociedade é Quixotismo = sobre D. Quixote que lutava contra os moinhos de ventos... Mas, se a sociedade somente nos transforma isso também é pessimismo.
Não estamos numa crise de sociedade, mas de civilização... = Henrique Claudio de Lima Vaz (mestre do Libanio)


Desde Platão, a idéia do bem tem nos forjado. E com Tomás, entre outros, Deus é a grande idéia que comanda a sociedade...

Todas as culturas nasceram da Religião...
Primeira grande idéia:

1º A ciência: não é mais a mesma (Ptolomaica)... Como naquele exemplo pra explicar o Céu: o firmamento... firmados em sete andares, sob colunas de montanhas...
Chega Galileu Galilei e diz que não.... que tudo se pode calcular, que é matemática...


Richard Dawkins (Deus é um delírio): - nada supera a ciência (Não é mais Deus que rege).


 Informática e a biotecnologia (duas grandes ciências que irão dominar o mundo = Betinho, dizia isso na década de 80, 90).

Análise científica (possui uma pretensão):
“Nós podemos construir um mundo que não precisa de transcendência...

Razão autônoma, iluminista: só é real o que é inteligível para minha mente (inteligência)... não mais ao mundo das fábulas (dos mitos fantasiosos = diferente do “mito no sentido profundo”).
Todo mundo religioso é um mito de fábulas...
Essa razão pretende explicar todas as coisas = o ser, o sentido... de que se buscou fazer até então...
A espiritualidade do ateu não precisa de Deus (é imanente) = Robert Solomon. Essa visão tem atingido muito ainda esta geração, anterior à nossa, ou seja: - a verdade estava fora de nós (dizendo à importância que havia na força da Tradição, da Escritura, da Família)... Agora não (hoje em dia): - a juventude atual (pensa na perspectiva de “a minha experiência... a minha noção da verdade...”).
Há o que se chama de uma “Relação de introjeção” = nós transformamos o objeto em nós! Por isso, quando não é (não for) captado pela presença da experiência, do objeto, não é verdade (qualquer coisa, ou afirmação...). Mais do que “não ser verdade”, é o fato de não se aceitar, não servir pra nada, não valer! Isso é: se não passar pela experiência dos sentidos.

Hermenêutica: o que caracterizou a razão tradicional... não precisávamos explicar nada... já estava tudo pronto, explicado.
Nas famílias mais tradicionais, os pais tomavam a catequese dos filhos (através das homilias dos padres na missa)...
A diferença da hermenêutica é relacionar os pensamentos (o que levou o Bento XVI ficar doente e a renunciar = o relativismo).
Mas, e isso é característico, é que não há mais como a gente universalizar o pensamento... (eis a complexidade de se aplicar as verdades filosóficas e teológicas).

4º A História: A capacidade de nos mostrar como a verdade atravessa o tempo, e um eixo de permanência (a dialética entre a verdade e o erro)... Nos mostra como as idéias vão se modificando!
Um Papa disse uma vez que a vacina era um erro, pecado... (a peste era um projeto de Deus, pois era um castigo) = Logo, opor-se ao projeto de Deus era errado.
Adendo de uma reflexão pessoal (questão para refletir, aprofundar): um fato que Libanio não entrou, não comentou, neste aspecto = “A questão do dogma (ou da infalibilidade papal).” Ele somente situou que nos fatos históricos estão também os sinais da presença de Deus.

5º Tradição: A ação da civilização... (p. ex. as “obras de misericórdia”). O Pensamento moderno = todo pecado graça, toda graça um pecado...

A importância da Práxis: por que, ou como, uma “obra boa” pode ser ruim?(ou seja: - a realidade transformadora da obra). Um exemplo como resposta em cima das reflexões de Paulo Freire, onde este reflete que a “esmola é alienação”: “deu presentinho no final do ano” = obra boa..., mas “explorou o ano todo” = práxis.
Da modernidade à pós-modernidade (os termos são discutíveis) = “pós” não significa depois, mas como se continuasse durante o momento presente...
A pós- modernidade é a modernidade avançada (pós-industrial)... um novo tipo de produção em que o conhecimento é mais importante que a matéria.
O Produto é o conhecimento. O futuro da humanidade será que detém o conhecimento... aqueles que produzem conhecimento (...).
A Sociedade contemporânea: Elites produtoras do conhecimento (Havard, University´s...); Segundas classes (os que irão gerir o conhecimento: médicos, Empresários que vendem...); Terceiras classes (consumidores...); classes últimas... marginalizados / explorados...
Reflexão pessoal (Reinaldo J. Oliveira): a sociedade tal como Platão também pensou e “planejou” = a Polis em seu livro “a República”.
Diz Libanio: O que faremos na Educação? Quem são aqueles/as que frequentam nossas escolas? Provavelmente não são os classe 1 e nem os classes 2 (talvez)... mas, como nós prepararemos para que sejam os produtores/as...
= O que iremos formar?
Pois sabemos que educar para “o uso tão somente” é fácil (os consumidores...) = ensino das técnicas... Mas, o mais difícil, e menos valorizado, é justamente o ensino sobre valores (humanos, cristãos, cidadãos, éticos).
Um elemento que estaria a grande diferença para trabalharmos na escola: “a subjetividade”.
De Descartes pra frente: O individualismo... conquistador, dominador...

A pós-modernidade: o eu é um eu do prazer... o maior valor é o prazer (para o bem ou para o mal): sugestão de um livro sobre isso = “GUILLEBAUD, Jean-Claude. A tirania do prazer. Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 1999.”

Temos que ter um olhar de suspeita: o prazer quer dizer que o que interessa não é o fora de mim, mas que tudo o que existe é “para que eu esteja bem...” enquanto que o sair de mim não interessa.
Ou seja: o prazer é só para mim!
“Eu enquanto eu!” = e tão somente isso mesmo.
Celebração que interessa é aquela que eu possa ter prazer... Outras não interessam (cansa, é exigente...).
Assim, Libanio concluiu sua reflexão e aprofundou mais na vivência litúrgica da missa em que presidiu para todos os presentes neste encontro...


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