Assessoria de Pe. João Batista Libanio
(Anotações
de Reinaldo João de Oliveira)
O
título está invertido, por isso uma pergunta: - a escola desafia a
contemporaneidade, ou a contemporaneidade desafia a escola?
Tanto
nós construímos a sociedade, quanto a sociedade nos constrói.
A
contemporaneidade (a cultura), transforma a sociedade...
Se
somente nós transformamos a sociedade é Quixotismo = sobre D. Quixote que lutava contra
os moinhos de ventos... Mas, se a sociedade somente nos transforma isso também
é pessimismo.
Não
estamos numa crise de sociedade, mas de civilização... = Henrique Claudio de Lima Vaz
(mestre do Libanio)
Desde
Platão, a idéia do bem tem nos forjado. E com Tomás, entre outros, Deus é a
grande idéia que comanda a sociedade...
Todas
as culturas nasceram da Religião...
Primeira
grande idéia:
1º A ciência: não é mais a mesma (Ptolomaica)...
Como naquele exemplo pra explicar o Céu: o firmamento... firmados em sete
andares, sob colunas de montanhas...
Chega
Galileu Galilei e
diz que não.... que tudo se pode calcular, que é matemática...
Richard Dawkins (Deus é um delírio): - nada supera a ciência (Não é mais Deus que rege).
Informática e a biotecnologia (duas grandes
ciências que irão dominar o mundo = Betinho, dizia isso na década de 80, 90).
Análise científica (possui
uma pretensão):
“Nós podemos construir um
mundo que não precisa de transcendência... ”
2º Razão
autônoma, iluminista:
só é real o que é inteligível para minha mente (inteligência)... não mais ao
mundo das fábulas (dos mitos fantasiosos = diferente do “mito no sentido profundo”).
Todo
mundo religioso é um mito de fábulas...
Essa
razão pretende explicar todas as coisas = o ser, o sentido... de que se buscou
fazer até então...
A
espiritualidade do ateu não precisa de Deus (é imanente) = Robert Solomon. Essa visão tem atingido muito ainda esta geração, anterior à nossa, ou
seja: - a verdade estava fora de nós (dizendo à importância que havia na força
da Tradição, da
Escritura, da
Família)...
Agora não (hoje em dia): - a
juventude atual (pensa na perspectiva de “a minha experiência... a minha noção
da verdade...”).
Há
o que se chama de uma “Relação
de introjeção” = nós transformamos o objeto em nós! Por
isso, quando não é (não for) captado pela presença da experiência, do objeto,
não é verdade (qualquer coisa, ou afirmação...). Mais do que “não ser verdade”,
é o fato de não se aceitar, não servir pra nada, não valer! Isso é: se não
passar pela experiência dos sentidos.
3º Hermenêutica: o que caracterizou
a razão tradicional... não precisávamos explicar nada... já estava tudo pronto,
explicado.
Nas
famílias mais tradicionais, os pais tomavam a catequese dos filhos (através das
homilias dos padres na missa)...
A
diferença da hermenêutica é relacionar os pensamentos (o que levou o Bento
XVI ficar doente e a renunciar = o relativismo).
Mas,
e isso é característico, é que não há mais como a gente universalizar o
pensamento... (eis a complexidade de se aplicar as verdades filosóficas e
teológicas).
4º A História: A
capacidade de nos mostrar como a verdade atravessa o tempo, e um eixo de
permanência (a dialética entre a verdade e o erro)... Nos mostra como as idéias
vão se modificando!
Um
Papa disse uma vez que a vacina era um erro, pecado... (a peste era um projeto
de Deus, pois era um castigo) = Logo, opor-se ao projeto de Deus era errado.
Adendo de uma reflexão pessoal (questão para
refletir, aprofundar): um fato que Libanio não entrou, não comentou, neste
aspecto = “A questão do dogma (ou da infalibilidade papal).” Ele somente situou
que nos fatos históricos estão também os sinais da presença de Deus.
5º Tradição: A
ação da civilização... (p. ex. as “obras de misericórdia”). O Pensamento
moderno = todo pecado graça, toda graça um pecado...
A importância da Práxis:
por que, ou como, uma “obra boa” pode ser ruim?(ou seja: - a realidade
transformadora da obra). Um exemplo como resposta em cima das reflexões de Paulo Freire,
onde este reflete que a “esmola é alienação”: “deu presentinho no final do ano”
= obra boa..., mas “explorou o ano todo” = práxis.
Da
modernidade à pós-modernidade (os termos são discutíveis) = “pós” não significa
depois, mas como se continuasse durante o momento presente...
A
pós- modernidade é a modernidade avançada (pós-industrial)... um novo tipo de
produção em que o conhecimento é mais importante que a matéria.
O
Produto é o conhecimento. O futuro da humanidade será que detém o
conhecimento... aqueles que produzem conhecimento (...).
A Sociedade contemporânea: Elites produtoras
do conhecimento (Havard, University´s...); Segundas classes (os que irão gerir
o conhecimento: médicos, Empresários que vendem...); Terceiras classes
(consumidores...); classes últimas... marginalizados / explorados...
Reflexão pessoal (Reinaldo
J. Oliveira): a sociedade tal como Platão
também pensou e “planejou” = a Polis
em seu livro “a República”.
Diz
Libanio: O que faremos na Educação? Quem são aqueles/as que frequentam nossas
escolas? Provavelmente não são os classe 1 e nem os classes 2 (talvez)... mas,
como nós prepararemos para que sejam os produtores/as...
= O que iremos formar?
Pois
sabemos que educar para “o uso tão somente” é fácil (os consumidores...) =
ensino das técnicas... Mas, o mais difícil, e menos valorizado, é justamente o
ensino sobre valores (humanos, cristãos, cidadãos, éticos).
Um
elemento que estaria a grande diferença para trabalharmos na escola: “a subjetividade”.
De
Descartes pra frente: O individualismo...
conquistador, dominador...
A pós-modernidade:
o eu é um eu do prazer... o maior valor é o prazer (para o bem ou para o mal):
sugestão de um livro sobre isso = “GUILLEBAUD, Jean-Claude. A tirania do prazer.
Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 1999.”
Temos
que ter um olhar de suspeita: o prazer quer dizer que o que
interessa não é o fora de mim, mas que tudo o que existe é “para que eu esteja bem...” enquanto que o sair
de mim não interessa.
Ou
seja: o prazer é só para mim!
“Eu
enquanto eu!” = e tão somente isso mesmo.
Celebração
que interessa é aquela que eu possa ter prazer... Outras não interessam (cansa,
é exigente...).
Assim,
Libanio concluiu sua reflexão e aprofundou mais na vivência litúrgica da missa
em que presidiu para todos os presentes neste encontro...
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